
Manicomio
Asylum
Fernando Fernán Gómez & Luis María Delgado
80′ – Espanha – 1953
29/11
20h00
Sala Luís de Pina
30/11
15h30
Sala M. Félix Ribeiro
Em 1953, Fernando Fernán Gómez encontrava-se prestes a iniciar a rodagem de Aeropuerto, um discreto drama de histórias entrecruzadas cuja realização ia recair em Luis María Delgado. Quando a rodagem se viu interrompida, Fernán Gómez e Delgado decidiram aproveitar os cenários já montados e um argumento escrito pelo primeiro (em parceria com Francisco Tomás Comes) para realizar uma modesta comédia sobre a loucura. Partindo de adaptações de relatos de Edgar Allan Poe, Ramón Gómez de la Serna, Leonid Andreyev e Aleksandr Kuprin, o filme recebeu o nome de Manicomio. Passando de obra maldita a filme de culto, única na sua época e fundamental para entender os passos posteriores de ambos os realizadores, a obra digitalizada pela Filmoteca Espanhola presta igualmente homenagem ao centenário de nascimento de um dos maiores atores espanhóis.

Fernando Fernán Gómez
Realizador
Percorrer a vida e obra de Fernando Fernán Gómez (Lima, 1921-Madrid, 2007) é transitar por boa parte da história do cinema espanhol. No final dos anos 30, deu os primeiros passos no teatro, juntamente com o célebre dramaturgo Enrique Jardiel Poncela, e pouco depois já tinha suscitado o interesse das produtoras de cinema, que começaram a chamá-lo. Primeiro como secundário e rapidamente como protagonista, Fernán Gómez lavrou uma sólida carreira trabalhando com realizadores da craveira de Edgar Neville, Luis García Berlanga ou José Antonio Nieves Conde. Mas isso não era suficiente para a sua mente inquieta e, durante a década de 50, também deu os seus primeiros passos como dramaturgo, romancista, guionista e realizador, precisamente com Manicomio.
Apesar da sua estreia acidentada, Fernán Gómez não se rendeu e continuou a aliar a sua faceta de intérprete de cinema e teatro com as suas cada vez mais frequentes incursões na realização e na escrita.
Não obstante os seus habituais conflitos com a censura franquista e a receção desigual por parte do público, nem sempre preparado para a acidez e para a honestidade da sua visão, Fernán Gómez assinou entre os anos 50 e o fim do século alguns dos maiores marcos da história do cinema espanhol, nomeadamente El extraño viaje (1964), El mundo sigue (1965) ou El viaje a ninguna parte (1986). O seu duplo Urso de Prata de Berlim e os seus quatro Goyas unem-se ao Prémio Príncipe das Astúrias das Artes (atribuído em 1995) e ao prémio honorífico do Festival de San Sebastián como reconhecimento da relevância de uma das maiores figuras da cultura de fala hispana do século xx.