
Esa pareja feliz
That Happy Couple
Luis García Berlanga & Juan Antonio Bardem
82′ – Espanha – 1951
Versão original em espanhol, legendado eletronicamente em português
Estreia em Portugal da versão restaurada pela Filmoteca Espanhola
26/11
21h30
29/11
15h30
Sala M. Félix Ribeiro
Em 1951, Luis García Berlanga e Juan Antonio Bardem, dois dos maiores cineastas da história do cinema espanhol, debutaram com a longa-metragem Esa pareja feliz. Como o historiador Román Gubern explica, este «foi um filme emblemático da dissidência cinematográfica, de costas voltadas para as palavras de ordem oficiais, e abriu caminho para as posteriores sátiras de Marco Ferreri e Fernando Fernán Gómez». O restauro por parte da Filmoteca Espanhola não constitui apenas uma merecida homenagem a estes dois grandes cineastas, cujo centenário de nascimento se celebra em 2021 no caso de Berlanga e em 2022 no de Bardem, mas é também a oportunidade de recuperar esta obra essencial do cinema europeu, que, por um lado, alia influências da comédia popular espanhola e, por outro, do neorrealismo italiano.

Luis García Berlanga
Realizador
Luis García-Berlanga Martí (Valencia, 1921-Madrid, 2010) é um dos realizadores e guionistas mais brilhantes do cinema espanhol. Estudou Direito e Filosofia e Letras, mas abandonou os estudos em 1947 para entrar para o Instituto de Investigaciones y Experiencias Cinematográficas (IIEC) de Madrid. Aí travou amizade com Juan Antonio Bardem, com quem rodaria o seu primeiro filme, Esa pareja feliz (1951). Em 1952, realiza Bem-vindo Mr. Marshall com argumento de Berlanga, Bardem e Miguel Mihura, galardoado no Festival de Cannes.
Em parceria com Rafael Azcona, filma Plácido em 1961, nomeado para o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro. Novamente em colaboração com Azcona, assina o argumento de El Verdugo, que realiza em 1963, e com o qual obtém o Prémio da Crítica no Festival de Veneza.
Num género mais cómico temos Paraíso Esquecido (Calabuch, 1956), Todos a la cárcel (1993), La vaquilla (1984) ou a série Nacional em 1978, 1980 e 1982, anos que coincidiram com a sua presidência da Filmoteca Espanhola.
Reconhecido como um dos dez cineastas mais relevantes do mundo no Festival de Karlovy Vary e condecorado com a Ordem Italiana de Commendatore, em Espanha recebeu o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes, a Medalha de Ouro das Belas-Artes, foi membro da Academia e Prémio Nacional de Cinematografia.

Juan Antonio Bardem
Realizador
Juan Antonio Bardem Muñoz (Madrid, 1922-2002) foi um comprometido realizador de cinema e guionista. Estudou Engenharia Agrónoma e trabalhou no Ministério da Agricultura antes de integrar o primeiro grupo de alunos do Instituto de Investigaciones y Experiencias Cinematográficas (IIEC). Também foi crítico de cinema e colaborou com a fundação da revista Objetivo em 1953. Debutou como realizador junto a Luis García Berlanga em Esa pareja feliz (1951), estreada graças ao sucesso de Bem-vindo Mr. Marshall (1952). Em ambas as películas ficou patente o seu interesse em renovar o cinema espanhol da época, fruto tanto das influências cinematográficas como da sua militância no Partido Comunista de Espanha (PCE). O seu espírito crítico conduziu à participação nas Conversaciones de Salamanca (1955) a par com outros cineastas como Basilio Martín Patino ou o próprio Berlanga.
Após a sua estreia a solo como realizador e guionista com Cómicos (1954), o reconhecimento internacional deveu-se a Morte de um Ciclista (1955) e Rua Principal (1956). Outros projetos foram La venganza (1957), Sonatas (1959), A las cinco de la tarde (1961) e Nunca acontece nada (1963). A partir de então, a dificuldade para continuar uma obra pessoal e comprometida conduziu-o a um cinema mais comercial. Depois da morte do ditador Franco, realizou El puente (1976) e Siete días de enero (1978), e o seu último filme foi Resultado final (1997), precedido por vários trabalhos televisivos como a série biográfica de Lorca. Em 1986, foi-lhe concedida a Medalha de Ouro das Belas-Artes e em 2002 recebeu o Prémio Goya Honorífico por toda a sua carreira.